Prefeito de Arame (MA) defende vereador foragido e teria 'ordenado' cassação de opositores

Durante a posse do vereador Erivan Guajajara, suplente do vereador Edinilton Silva Rodrigues, conhecido como "Bodó" (PDT), que está foragido da Justiça e sendo procurado por tentativa de feminicídio, o prefeito disse que aquele era um "momento de tristeza", porque a vaga ocupada era de um aliado dele, "muito querido"

        Prefeito Pedro Fernandes defende foragido "Bodó" 

 
Arame/MA - O prefeito do município de Arame (MA), Pedro Fernandes, defendeu o vereador Edinilton Silva Rodrigues, conhecido como "Bodó" (PDT), que está foragido da Justiça e sendo procurado por tentativa de feminicídio, e viria pressionando a Câmara para cassar seus opositores. Durante a posse de Erivan Guajajara (PDT) - suplente do foragido-, na segunda-feira (12/6), o prefeito disse que aquele era um "momento de tristeza", porque a vaga a ocupada era de um "aliado" dele "muito querido".

"Saúdo o vereador Erivan. A sua chegada à Câmara é revestida de muita alegria para seu povo [indígena] e para nós, mas também de tristeza, porque você está ocupando o lugar de um vereador da nossa base, um vereador também muito querido. Esse vereador teve por motivos pessoais de pedir licença e espero que essa licença seja breve, para que ele volte ao nosso convívio", disse o prefeito.
   
"Bodó" pediu licença do cargo por 125 dias, o que foi concedido pela Câmara de Arame, que ainda não abriu processo para cassar o mandato dele, gerando críticas da população e também da oposição, que já entrou na Justiça solicitando que ele seja cassado. Com a licença, o suplente, Erivan, que é indígena, da etnia Guajajara,  assumiu o cargo.  

Procurado - Com prisão decretada pela Justiça desde 30 de março, "Bodó", que é vice-presidente da Câmara Municipal de Arame, vem sendo procurado pela polícia do maranhão. O pedido de licença por 125 dias foi duramente criticado pelo vereador Geovany da Silva Araújo, o "Geovany do Sport", do PTB, que foi cassado pela Câmara "por falta".

Giovany, que já recorreu à Justiça da cassação, que teria sido sumária, avalia que a Câmara já era para ter cassado o mandato de Edinilton por falta. "Ele não está ausente por problema de saúde ou para resolver problemas particulares. Ele está foragido da Justiça. Esse novo pedido de licença é até uma piada e uma afronta à Justiça", enfatizou o então vereador durante a sessão da Câmara de Arame, na última segunda-feira (5/6).

Geovany foi cassado na segunda-feira (12/6) por suposta falta durante a pandemia. A cassação dele teria sido 'ordenada' pelo prefeito Pedro Fernandes, que teria a Câmara nas mãos. Ele também teria ordenado que seus opositores no Legislativo, que seriam poucos, tenham o mesmo o destino.
Geovany foi cassado por cobrar transparência do prefeito e defender cassação do foragido "Bodó"


Crítico do comportamento da Mesa Diretora em relação a "Bodó" e também por estar questionando na Justiça a eleição da atual presidência da Câmara de Arame, Geovany teria virado alvo do prefeito. Ele não teria nem sido avisado pela Mesa Diretora que a cassação dele estava na pauta da sessão de segunda-feira.

Geovane estaria sendo uma pedra no sapato de Pedro Fernandes, por vir cobrando do Executivo ações em prol da sociedade de Arame e transparência dos contratos do município, que estariam sob suspeita.

Segundo se comenta na cidade de Arame, a submissão da Mesa Diretora ao prefeito seria tanta, que já concedeu duas licenças para "Bodó", foragido da Justiça por tentar matar ex-companheira dele, e agora cassa um vereador da oposição por falta na pandemia.


Tentativa de feminicídio -  O vereador "Bodó" teve a prisão preventiva decretada pela Justiça no dia 30 de março deste ano acusado de tentar matar a ex-companheira dele, de iniciais S.S.O, por não aceitar o fim do relacionamento. A tentativa de feminicídio aconteceu no dia 25 de março, por volta das 20h, na cidade de Arame.

De acordo com as investigações, o vereador viria tentado reatar o relacionamento e, como a vítima se negava, passou então a agredi-la. Ele tentou matar a jovem, a asfixiando e causando lesões graves na cabeça dela.

Em depoimento à Polícia Civil, no inquérito que apura o caso, a vítima detalhou que "Bodó" insistia em reatar o relacionamento, mas ela negou qualquer possibilidade de nova convivência. Já planejando matá-la, o vereador a chamou para ir até a casa onde moravam, sob a justificativa que era apenas para pegar suas coisas e ir embora.

No entanto, ao chegar na residência, ele começou as agressões. A jovem conta que o vereador a jogou no chão e saiu puxando seus cabelos da sala até o quarto da casa, a imobilizou e passou a bater a cabeça dela no chão por diversas vezes, causando um corte profundo. 

Não satisfeito, o vereador "Bodó" colocou um pano em sua boca para asfixiá-la, fazendo com que ela desmaiasse. A vítima só recobrou a consciência quando estava na casa de seus avós e já estava vestida com outra roupa. Ela foi em seguida levada para o hospital.

A mulher relata que as agressões e ameaças eram frequentes e que ela tinha medo de denunciar, uma vez que ele afirmava que mataria toda a sua família. Com a representação, foram anexadas imagens fotográficas que evidenciam as lesões e exame de corpo de delito. De acordo com o exame, S.S.O foi vítima de múltiplas lesões por espancamento, o que resultou em perigo de morte."



Por Tina DeBord

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